As configurações familiares mudaram, e o Direito acompanha essa evolução. Hoje, a Justiça reconhece que os laços de carinho e cuidado podem ser tão ou mais fortes que os biológicos, gerando direitos e deveres. É nesse cenário que surge a pensão socioafetiva, um tema que gera muitas dúvidas e que vamos esclarecer neste artigo.
O que é paternidade socioafetiva?
Antes de falar da pensão, é preciso entender seu ponto de partida: a paternidade socioafetiva. Ela ocorre quando uma pessoa, mesmo sem vínculo de sangue, assume o papel de pai ou mãe de uma criança ou adolescente, criando com ela uma relação de afeto, cuidado e amparo, sendo publicamente reconhecida como tal.
Esse reconhecimento é um dos pilares do moderno Direito de Família, consolidado por decisões de tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF). A paternidade socioafetiva garante que a criança tenha seus direitos protegidos, independentemente da origem biológica.
Afinal, o que é pensão socioafetiva?
A pensão socioafetiva é a obrigação de pagar um valor mensal para o sustento do filho, que nasce do reconhecimento legal da paternidade ou maternidade socioafetiva. Em termos simples: uma vez que a Justiça confirma que você é o pai socioafetivo, você passa a ter os mesmos deveres de um pai biológico, incluindo o dever de pagar pensão.
Essa obrigação está fundamentada no princípio da dignidade da pessoa humana e no dever de mútua assistência familiar, previsto no artigo 1.694 do Código Civil.

Como funciona a pensão socioafetiva na prática?
O processo geralmente começa com uma ação judicial para o reconhecimento da paternidade socioafetiva. Nessa ação, o filho (representado pela mãe ou responsável) precisa comprovar que o suposto pai agia como tal, criando a chamada “posse de estado de filho” – ou seja, tratava a criança como filho, dava-lhe seu nome ou era conhecido por todos como pai.
Uma vez que o juiz reconhece esse vínculo, a obrigação de pagar pensão pode ser fixada na mesma decisão ou em um processo separado, seguindo os mesmos critérios de uma pensão alimentícia comum: a necessidade de quem recebe e a possibilidade de quem paga.
Quais são os casos de pensão socioafetiva? Exemplos
O caso mais comum é o do padrasto que cria o enteado como seu próprio filho desde pequeno. Ele o leva ao médico, participa de reuniões escolares, apresenta-o à sociedade como seu filho e supre suas necessidades materiais e afetivas. Se o relacionamento com a mãe da criança termina, ele poderá ser obrigado a pagar pensão socioafetiva, pois o vínculo paternal com a criança foi estabelecido.
O pai socioafetivo sempre paga pensão?
Sim. Após o reconhecimento judicial do vínculo socioafetivo, o dever de pagar pensão alimentícia é uma consequência direta. A lei não faz nenhuma distinção entre os deveres do pai biológico, adotivo ou socioafetivo. O objetivo é sempre proteger o melhor interesse da criança, garantindo que ela tenha o suporte necessário para seu desenvolvimento.
E no caso de um namoro, existe pensão socioafetiva?
Depende. A obrigação não surge do namoro com a mãe, mas sim da relação construída com a criança. Se durante o relacionamento o namorado assumiu publicamente e de forma consistente o papel de pai, tratando a criança como filho e criando um forte vínculo afetivo, a paternidade socioafetiva pode ser reconhecida, gerando o dever de pensão.
Quem tem direito à pensão socioafetiva?
O direito é da criança ou adolescente que teve o vínculo de filiação socioafetiva reconhecido judicialmente. A pensão é um direito do filho, e não da mãe ou do pai que o representa no processo.
Pensão socioafetiva é obrigatória?
Sim. A partir do momento em que um juiz determina o pagamento em uma sentença, ela se torna uma obrigação legal. O não pagamento pode levar às mesmas consequências da dívida de pensão alimentícia comum, como penhora de bens, inscrição do nome em cadastros de devedores e até mesmo a prisão civil.
Como requerer a pensão socioafetiva?
O primeiro passo é buscar um advogado especialista em Direito de Família. Ele analisará o caso e reunirá as provas do vínculo, como fotos, vídeos, mensagens, e-mails, declarações de testemunhas (professores, vizinhos), comprovantes de despesas, entre outros. Em seguida, o advogado ingressará com a ação de reconhecimento de paternidade socioafetiva cumulada com o pedido de alimentos.
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Como se proteger de uma futura alegação de pensão socioafetiva?
A “proteção” está na clareza dos papéis. A obrigação nasce da conduta de assumir o papel de pai. Se a intenção não é essa, é importante manter os limites claros, evitando apresentar-se publicamente como pai da criança ou assumir responsabilidades que são exclusivas dos genitores.
Conclusão: a importância do afeto no Direito
A pensão socioafetiva demonstra que o Direito de Família valoriza os laços reais de cuidado e amor. Reconhecer esses vínculos é fundamental para proteger crianças e adolescentes, garantindo que suas necessidades sejam atendidas por aqueles que escolheram assumir o papel de pais em suas vidas.
Se você tem dúvidas sobre paternidade socioafetiva ou precisa entrar com um pedido de pensão, o suporte de um advogado especializado é indispensável. A equipe da Bantim Advogados está pronta para analisar seu caso e garantir a defesa dos seus direitos e dos direitos de seus filhos.

FAQ: Perguntas frequentes
Quanto tempo de convivência é necessário para pedir pensão socioafetiva?
Não há um prazo mínimo definido em lei. O que se analisa é a solidez e a publicidade do vínculo afetivo, ou seja, se a relação de pai e filho estava claramente estabelecida e era reconhecida socialmente, independentemente da duração.
Quando o padrasto tem que pagar pensão?
O padrasto tem o dever de pagar pensão quando sua relação com o enteado ultrapassa o de mera convivência e ele assume o papel de pai socioafetivo, sendo este vínculo reconhecido judicialmente.
É obrigatório pagar pensão socioafetiva?
Sim, após a decisão judicial que reconhece a paternidade socioafetiva e fixa o valor dos alimentos, o pagamento se torna obrigatório.
Como posso me livrar da pensão socioafetiva?
Uma vez fixada, a obrigação não pode ser simplesmente “cancelada”. Assim como na pensão comum, é possível pedir uma revisão do valor (Ação Revisional de Alimentos) se houver mudança na capacidade financeira de quem paga ou na necessidade de quem recebe.
Quando saiu a lei socioafetiva?
Não existe uma “Lei Socioafetiva” única. O conceito foi construído ao longo do tempo por decisões judiciais, especialmente do STJ e do STF (como no Tema 622 de Repercussão Geral), que interpretaram a Constituição Federal e o Código Civil à luz das novas realidades familiares.
O que é pensão por afeto?
É apenas um outro nome para a pensão socioafetiva. Ambos os termos se referem à obrigação alimentar que nasce de um vínculo parental baseado no afeto e não na biologia.
Como comprovar o vínculo socioafetivo?
A comprovação pode ser feita por meio de fotos de família, vídeos, posts em redes sociais, cartas, mensagens, depoimentos de testemunhas (como professores e vizinhos), e documentos onde a pessoa figura como pai/responsável.